A Câmara de Vereadores de Campina Grande destaca-se por seus momentos prodigiosos, especialmente quando decide desengavetar projetos que beneficiam seus próprios membros. Um exemplo emblemático ocorreu no início do ano, quando, após a derrubada de uma decisão judicial, a “Casa” promulgou uma legislação de 2016, concedendo um aumento salarial de 26% aos vereadores.
Em questão de meses, houve um novo acréscimo, camuflado sob o nome de “recomposição inflacionária”, totalizando 5,47%. Essa medida elevou os salários dos membros da Câmara de R$ 12 mil para quase R$ 16 mil. Recentemente, os vereadores protagonizaram mais uma façanha ao resgatar um projeto de fevereiro de 2021, que cria uma Verba Indenizatória de R$ 1.150.000,00 para cobrir despesas extras, como a divulgação das atividades parlamentares. Os recursos serão retirados do orçamento da própria “Casa”.
Cada vereador terá direito a R$ 50 mil, podendo gastar até R$ 5 mil mensais dessa verba. A criação dessa Verba Indenizatória ocorre em um contexto de falta de quórum em algumas sessões e/ou aprovação de projetos, além de mudanças na composição do Legislativo municipal, com a cassação de quatro vereadores por fraude na cota de gênero, conforme decisão do TRE.
Curiosamente, a ressurreição da Verba Indenizatória acontece às vésperas do processo eleitoral, no qual muitos dos atuais vereadores buscarão a reeleição e, presumivelmente, utilizarão esses recursos para promoção pessoal por meio de publicidade. A generosidade da Câmara de Campina parece se manifestar de maneira mais pronunciada quando se trata de beneficiar seus próprios integrantes.